“O Princípio da Divisão Étnica”
A. Definição:
É o princípio pelo qual a interpretação
de qualquer versículo ou passagem bíblica é determinada por uma consideração
das divisões étnicas designadas por Deus.
B. Amplificação:
1. Definição:
A palavra “étnica” tem a ver com as
divisões básicas da humanidade com relação à cultura.
As palavras principais usadas nas Escrituras com relação às divisões étnicas da
humanidade são:
a) Hebraico: UMMAH,
GOY, LEOM, AM
Traduzidas: nações, povos,
gentios, gentes Ed 4:10; Dn 3:4; Gn 10:5; Is 11:10; 42:1,6; Sl 2:1; Js 10:13;
Jr 51:58; Ml 1:11.
b) Grego: ETHNOS, GENOS
Traduzidas: gentes, gentios,
nações, povo, natural, variedade, geração, qualidade, tribo, linhagem Mt 10:5;
2Co 11:26; Rm 4:17; 10:19; At 4:36; 18:2; 1Pe 2:9; Fp 3:5; Ap 22:16; 1Co 12:28.
As
palavras acima indicam que um grupo étnico deve ser considerado como uma
comunidade de pessoas com os mesmos ancestrais e participando da mesma cultura.
Estas palavras são usadas com relação a Israel/Judá, aos gentios e à Igreja.
Paulo
assinalou as três divisões básicas da raça humana: 1Co 10:32: judeus, gentios e
a Igreja de Deus.
2. Origem: Torre de Babel Gn 11. A origem das nações é
descrita neste capítulo. Destas, Deus escolheu
uma nação para cumprir os seus propósitos. No Antigo Testamento há duas etnias principais: a nação escolhida (Israel) e os
gentios. O Novo Testamento introduz a terceira divisão
étnica principal, a Igreja, composta de judeus e gentios.
a)
A divisão de
Israel: Israel era uma nação unida
desde Moisés até Salomão. Depois se dividiu em duas casas, dois reinos, duas
nações: Israel e Judá 1Rs 11, 12. Deus permitiu esta divisão para cumprir os
Seus propósitos para cada nação. É preciso que reconheçamos que daí para frente
havia duas dinastias, dois reinos e dois destinos. Houve dois cativeiros
diferentes em dois lugares diferentes, em duas ocasiões diferentes, sob dois diferentes
reinos humanos. Israel entrou em cativeiro na Assíria e Judá na Babilônia.
Portanto,
ao interpretarmos os profetas, a distinção entre estes reinos para os quais
estavam profetizando precisa ser lembrada constantemente. Algumas profecias
foram dadas distintamente para Israel e outras para Judá, o que não deveríamos
confundir. O Senhor predisse através do profeta Jeremias que Ele faria uma Nova
Aliança com a casa de Israel e com a casa de Judá Jr 31:31,34; Hb 8:8-13. O
profeta Ezequiel predisse que Deus unificaria a Israel e Judá nas mãos do Filho
do Homem Ez 37:15-19,22. Esta união somente pode acontecer através da Nova
Aliança no Senhor Jesus Cristo.
b)
Os gentios: São todas as nações além de Israel e Judá que não
estavam em relacionamento de aliança com Deus. Paulo descreve a condição deles
em Ef 2:11,12; 4:18 e Rm 1:18-32. As Escrituras
mostram claramente que os gentios seriam abençoados através da nação escolhida
e da “Semente”, o Messias Gl 3:8.
c)
A Igreja:
-
Definição: É uma tradução da palavra grega Ekklesia, a qual se
compõe de duas palavras: EK (“fora de”) e KALEO (“chamar”). Portanto, Ekklesia
significa literalmente “os chamados para fora”. É usada nas Escrituras com
relação à nação de Israel e à comunidade de crentes, tanto no céu como na terra:
(1)
Israel – a Igreja
no deserto At 7:38
(2)
Os Santos no Céu
Hb 12:23
(3)
Os Santos na
Terra Ap 1:11
Nestes
três casos, a palavra Igreja é usada em seus dois sentidos básicos: universal e
local. A Igreja universal inclui os redimidos de todas as eras, tanto no céu
como na terra, e a Igreja local é uma expressão visível dela.
-
Composição da
Igreja: É composta de judeus e
gentios. Assim como Deus chamou a Israel como uma nação dentre todas as nações
e os constituiu como Sua Igreja no Antigo Testamento, assim também Deus agora
convoca as pessoas de todas as nações, quer sejam judeus ou gentios, e os
constitui como Sua Igreja no Novo Testamento. A Igreja no Novo Testamento
revela-se como o Corpo de Cristo composto de judeus e gentios Gl 3:28; 6:15.
Assim
sendo, o método literário de revelação progressiva da progressão étnica, usada
para se escrever as Escrituras, dá origem ao Princípio da Divisão Étnica de
interpretação das Escrituras.
C.
Qualificação:
ü O primeiro passo para se usar este princípio é
determinarmos se o versículo ou passagem em consideração é relevante a uma das
três divisões étnicas principais. Para facilitar, podemos fazer as seguintes
perguntas:
-
Este versículo se
refere a nação unida, a toda a casa de Israel?
-
Refere-se às 10
tribos da casas de Israel, o Reino do Norte?
-
Refere-se às duas
tribos (mais os levitas) da casa de Judá, o Reino do Sul?
-
Refere-se aos
gentios?
-
Refere-se à
Igreja, os escolhidos de todas as nações?
ü Na interpretação, muito cuidado precisa ser usado para
não confundirmos estas divisões étnicas.
-
Isto aplica-se
para as sub-tribos, especialmente na interpretação dos profetas. Alguns dos
profetas ministraram distintamente para a casa de Israel e outros para a casa
de Judá, porém, às vezes, profetizaram para ambas as casas (Isaías e Jeremias
foram enviados à casa de Judá. Oséias foi enviado à casa de Israel e Miquéias
para ambas as casas. Contudo, todos estes profetas às vezes falaram sobre ambas
as casas – Is 1:1,2; Jr 1:3; Os 1:1-3; Is 8:14. A menos que estas distinções
sejam mantidas, pode parecer que os profetas estejam contradizendo um ao outro.
-
O intérprete
precisa reconhecer que o “nome de Israel” nas Escrituras pode referir-se a:
(1)
ao patriarca Jacó
Gn 49:1,2
(2)
às doze tribos de
Israel Ex 19:3
(3)
às dez tribos da
casa de Israel 1 Rs 12:21
(4)
às duas tribos da
casa de Judá Ed 6:21
(5)
à Igreja, o
Israel espiritual de Deus Gl 6:16; Rm 9:6
Israel
é usado como um nome coletivo, portanto pode envolver ambas as casas. Judá, no
entanto, nunca é usado no sentido coletivo para todas as doze tribos.
-
Alguns
intérpretes interpretam erroneamente as profecias dadas a Israel e Judá como se
fossem relevantes primariamente à Igreja. Alguns comentários bíblicos trazem
muita confusão ligando as bênçãos e promessas dos profetas para a Igreja do
Novo Testamento, deixando todas as maldições e julgamentos para Israel e Judá.
Deveríamos tomar muito cuidado ao procurarmos pela Igreja nos profetas.
-
Outros
intérpretes falham completamente em verem a Igreja no Antigo testamento,
perdendo assim um importante elo nos propósitos de Deus. Há um perigo
interpretativo de se exaltar a nação escolhida e o nascimento natural acima da
Igreja e do nascimento espiritual.
-
Em geral, a chave
para encontrarmos a Igreja nos profetas do Antigo Testamento está nas profecias
com relação à entrada dos gentios nas bênçãos messiânicas através da Nova
Aliança em Cristo.
ü Este princípio deveria ser usado juntamente com o
Princípio das Alianças e o Princípio da Eleição.
D.
Demonstração: A nação escolhida: Jr 31:31-34 – “Eis
que dias virão, diz o Senhor, em que farei uma Nova Aliança com a Casa de
Israel, e com a Casa de Judá...”
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